[A Bíblia sob escrutínio - Emerson Alves Borges]
Adaptado por Aparecido de Bebedouro
AS INFLUÊNCIAS
A religiosidade é uma área muito pessoal e particular de cada um e sofre a influência de vários fatores que podem determinar o rumo religioso que uma pessoa tomará. De certa forma somos influenciados pela religião predominante em nosso meio ou no lugar que nascemos. As pessoas que nascem e vivem nas Américas tem forte inclinação a serem cristãs, isto porque os países que colonizaram as Américas eram de cultura cristã. A América Latina por ter sido colonizada por Portugal e Espanha, países com forte influência católica, teve impregnada em sua cultura a religiosidade católica. Podemos notar isso pela privilegiada localização de suas igrejas sempre no ponto inicial de fundação das cidades. Ao se fundar uma cidade a primeira coisa a se construir era uma igreja. A própria Igreja Católica enviava missionários aos países colonizados para catequizar o povo nativo. Os jesuítas tiveram um papel de destaque nestas missões. Portanto não é de admirar que países como Brasil e México tenham fortemente arraigados em sua cultura a religiosidade católica. Trata-se de uma tradição de séculos que vem sendo passada de pai para filho através de gerações. Por isso existem mais católicos na América Latina do que em qualquer outro lugar do mundo.
Já na China, por exemplo, país que não foi colonizado por uma nação cristã, a realidade religiosa e totalmente diferente. Metade da população chinesa que chega a mais de um bilhão de pessoas, não professa fé alguma, isto porque a China vive um regime Comunista desde 1949, que desestimula a população ter uma religião. A outra metade da população segue crenças populares chinesas que fazem parte deste país a milênios como o Budismo, Confucionismo e o Taoísmo.
Nos países árabes a realidade religiosa é islâmica, uma cultura e tradição completamente diferente tanto da China como das Américas. No mundo árabe, noventa por cento da população vive a fé mulçumana. Tanto na China como nos países árabes os cristãos são uma minoria quase insignificante, assim como também nas Américas os mulçumanos e os budistas são a minoria. Esta realidade existe porque as pessoas em geral não gostam de ser diferentes da maioria, querem ser aceitos no meio em que vivem, por isso em geral seguem a religião que seus pais e avós seguiam, ou que a maioria em sua comunidade segue. A possibilidade de uma pessoa que nasceu e vive nas Américas ser cristã é muito grande, porém um chinês dificilmente se tornaria um cristão, pois no mundo oriental a cultura cristã e mínima, quase insignificante.
A chance de um chinês se tornar cristão é a mesma de um brasileiro se tornar budista, existe essa possibilidade, mas é muito remota, como também é remota a possibilidade de uma pessoa nascida no mundo árabe se tornar um cristão. A grande verdade e que a maioria das pessoas escolhe sua religião pelo lugar que nasce ou que vive.
Não podemos desconsiderar também certos fatores pessoais que podem fazer com que alguns desenvolvam sua religiosidade ou até mesmo mudem sua inclinação religiosa. Talvez a morte de um ente querido, um acidente pessoal, um revês financeiro, uma desilusão amorosa, uma doença, são algumas situações que podem levar uma pessoa a buscar conforto e amparo em alguma religião, talvez sendo mais assíduo em sua própria religião de origem ou mudando de religião. O inverso também acontece, pessoas antes religiosas perdem sua fé devido a certas mudanças drásticas em suas vidas.
Todas estas variantes exemplificam bem a complexidade do ser humano. Nós temos características ímpares, temos um universo próprio e peculiar, que pode ser moldado por diversas circunstâncias como criação familiar, o ambiente em que vivemos, traumas sofridos, conflitos, tendências e influências, que de uma forma ou de outra contribuem para a construção de uma personalidade. Portanto fica difícil determinar de forma individual qual rumo uma pessoa tomará na sua busca por respostas as suas angústias e questionamentos.
Infelizmente muitos seguem o caminho do fanatismo religioso, que tanto mal tem causado em nossa sociedade. O ser humano mais perigoso é aquele que não admite a possibilidade de estar errado. Muitas religiões tentam impor suas crenças sobre outras pessoas, fazendo uma verdadeira lavagem cerebral. Esta forma agressiva de conversão tem tido grande aceitação nas classes mais pobres e menos instruídas. Tal população recebe bem a mensagem de que foi escolhida por Deus e que vai ser abençoada tanto nesta vida como na vida após a morte. Para quem não consegue ver uma perspectiva de realização em sua vida, encontra na mensagem de certas religiões uma maneira de se sentirem importantes, queridos, participantes de algo maior, isso faz bem para sua autoestima.
Por outro lado, tais religiões na maioria das vezes causam um estado de inércia intelectual, inibindo qualquer tentativa pessoal de evoluir como ser humano, transformando seus adeptos em marionetes nas mãos de certos líderes religiosos que manipulam as massas construindo para si grandes impérios as custas da inocência e ingenuidade de seus rebanhos. Este tipo de fanatismo normalmente vem acompanhado de intolerância e preconceito, levando a atitudes ignorantes e até mesmo violentas.
Adaptado por Aparecido de Bebedouro